domingo, 10 de abril de 2011

As funções da descrição na pesquisa aplicada

Como vimos na postagem anterior, a descrição representa apenas uma etapa intermediária na produção do conhecimento científico. Antes de existir como um fim em si mesma, a descrição deveria possibilitar a coleta de dados e informações para viabilizar as fases mais abstratas de elaboração das categorias de análise e definição dos conceitos. Se existe pouca bibliografia sobre os limites da descrição na pesquisa científica de caráter teórico em Jornalismo, são ainda muito mais raros os textos de referência sobre a descrição na pesquisa aplicada, destinada à transformação dos conhecimentos puros em inovação na forma de produtos, processos, técnicas, tecnologias, linguagens, formatos, protótipos, etc...

Em primeiro lugar, cabe esclarecer que a pesquisa aplicada pressupõe a pesquisa pura.  Nas sociedades contemporâneas o pleno desenvolvimento social depende que, ao menos uma parte do conhecimento científico puro, seja traduzido em inovações.  Neste contexto, o circuito do conhecimento passa pela pesquisa pura, pela pesquisa aplicada e pela inovação. Cada uma destas etapas deve estar em plena articulação com as outras de modo a que se possa retroalimentar continuamente o sistema de produção do conhecimento.  Na área de Jornalismo existe um déficit de pesquisa aplicada porque a maioria das pesquisas realizadas ou são meramente descritivas, pré-teoréticas, ou porque, mesmo quando produzem conhecimento teórico de alto nível, são incapazes de estabelecer relações com os setores produtivos da sociedade para desenvolver inovações.

Na pesquisa aplicada a descrição desempenha diversas funções ao longo do processo de transformação do conhecimento puro em aplicação que atenda uma demanda social concreta. O primeiro momento é o da descrição do produto, processo, técnica, tecnologia, formato ou protótipo projetado e das funções que cada um dos membros da equipe envolvida no processo de produção vai ocupar. A inexistência da descrição detalhada do que se pretende produzir e das funções de cada um dos membros da equipe simplesmente inviabiliza o começo do desenvolvimento. Uma vez iniciada a produção, cada uma das etapas deve ser descrita para que se possa compreender as particularidades, limitações e descobertas ocasionais durante as reuniões de avaliação do projeto.

Como o desenvolvimento em si e os produtos, processos, técnicas, tecnologias, formatos ou protótipos são etapas inter-relacionadas na cadeia de produção de conhecimento, a descrição de cada uma destas fases fornece os elementos para a sua plena compreensão, avaliação e, sempre que for o caso, redefinição. Na medida que avança o processo de produção das inovações a equipe responsável pelo projeto aproveita a própria experiência para refletir conceitualmente e para definir e repensar as estratégias metodológicas adotadas. Nenhum destes momentos pode ser executado sem uma descrição do que aconteceu, como, em que condições e o tipo de resultado obtido. Se, por um lado, as descrições das ações singulares são insuficientes para chegarmos ao conhecimento conceitual, de natureza universal e abstrata, por outro, os aspectos captados pelas descrições singulares são um pressuposto para definição das categorias de análise e para a elaboração dos conceitos.   

Com um abraço,

Elias.


2 comentários:

Unknown disse...

tinha que ter mais conteúdos

Anônimo disse...

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